Destruindo o clichê
Todos gostam de dinheiro. Eu gosto muito, especialmente, do
meu. Trabalho duro pra gastá-lo ao meu bel prazer. O capitalismo é selvagem mas eu não fujo dele. Eu gosto de
viagens e de roupas novas, e eu gosto, especialmente, de poder dizer isso sem
me sentir um capitalista selvagem. O dinheiro compra muitas coisas, mas as
verdadeiramente boas são de graça.
Mas, na humilde opinião deste que vos escreve, dinheiro não
tem nada a ver com conquista amorosa. Tô falando da conquista de verdade,
aquela que te deixa com o coração acelerado e olhos e ouvidos vidrados no
telefone. Aquela que faz com que seus os amigos do trabalho te olhem pela manha
e disparem: “Acordou e viu um beija flor?”
Eu sinto uma piedade cruel – não sei se isso existe, mas eu
sinto – desses homens que arrotam por aí: “Que nada, mulher gosta é de
dinheiro”. Quando ouço esse discurso tão pobre e clichê, tenho certeza que se
trata de um coitado punheteiro, querendo se justificar porque não encontra ninguém
de verdade. Ou porque viver rodeado de mulheres interesseiras nas noites de
sábado, mas passa os domingos de frio sozinho se questionando porque ninguém se
interessa pelas suas qualidades. “Eu tenho dinheiro, o que é que tem de
errado?”
Homens adeptos dessa teoria são, geralmente, pobres de
qualidades. Ou até as tem, mas acabam por suprimi-las, por falta de
autoconfiança ou por acreditar de verdade que é o dinheiro que importa. Mulheres
de verdade ganham o próprio dinheiro e esperam um homem que tenha algo mais a
oferecer do que a droga de um carro do ano e uma carteira recheada. Mulheres
esperam um homem que possa oferecer o que elas não podem conquistar sozinhas, o
que só a paixão e a emoção de verdadeiros encontros podem proporcionar: frio na
barriga e brilho nos olhos.
Portanto, em vez de sair por aí arrotando que a sua carteira
é capaz de resolver todos os seus problemas, preocupe-se em ser alguém com quem
uma mulher de verdade queira estar. Alguém com um papo bacana e um sexo mais
bacana ainda, alguém que mostre menos e seja mais. Alguém que não diga “vamos
sair no meu carro hoje? Eu pago o motel.” Alguém que tope de dividir a conta
sem se sentir menos homem. Um homem que não se subestima e não subestima a
mulher que tem ao lado.
Carteiras cheias e mentes vazias as mulheres identificam de
longe.
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